28/11/11

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Ricardo, a quem Inocência já estava lambendo e beijando de novo o lampreão inquieto, teve tentações de beijar também a rubra fenda que se lhe aproximava dos lábios... Cingiu com os braços as apetitosas nádegas de Inocência, e colou um beijo longo naquela fenda.
- Toque-lhe com a língua, verá que é doce - suspirou Inocência.
(...)
Ricardo e Inocência gemiam, punham os olhos em alvo, arqueavam-se, tinham rugidos surdos de leões amorosos, até que ele, sentindo empastado o pequeno bigode, e ela, sentindo-se alagada pelo vómito do lampreão, se desligaram, caindo numa prostração que parecia um delicioso sonho de haxixe.
(...)
Ricardo ficou inteirado.
Havia efectivamente coisas muito boas, que ele desconhecia; e sobretudo aquele dueto de línguas era realmente o cúmulo dos prazeres humanos.

Cândido de Figueiredo, em "Entre lençóis, episódios inocentes para a educação e recreio de pessoas casadoiras"

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