27/09/10

Bis


Ela apertava-lhe o crânio entre as pernas, como um torniquete. A cadência acelerada da língua fazia com que o seu corpo saltasse uma oitava, agarrarando-se aos lençóis até ao sangue da unha por medo de flutuar até à estratosfera.
A desarmonia era admirável: uma orquestra de gemidos entre uma respiração atrapalhada e os espasmos no abdómen. Ainda assim, ela sabia que o concerto o agradava. Deixou a cacofonia de sentidos correr de si - a tempestade que antecede o silêncio.

E após o silêncio, quem sabe, um bis.

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